FÁBULAS AFRICANAS PARA A CULTURA DA PAZ
As fábulas são criadas pelos povos da África
como cultura oral, onde os anciães das tribos eram valorizados justamente por
conhecer muitas coisas e transmiti-las aos mais jovens.
As heranças deixadas por eles foram trazidas
para o Brasil com a vinda dos escravos, onde, até hoje, temos a influência
cultural africana.
As fábulas são misteriosas,
engraçadas ou tristes, inquietantes ou excitantes. As histórias escolhidas não
são só divertidas, elas também passam importantes valores, conhecimentos e
sabedoria ancestrais.
As fábulas cativam ouvintes de todas
as gerações, com histórias que poderiam acontecer a qualquer um de nós.
Na África, a maneira tradicional de
contar histórias, ainda é muito importante. É uma forma preciosa de mediação e
preservação cultural.
Nas fábulas, os animais desempenham um papel
importante – o grande e o pequeno, o forte e o fraco, o corajoso e o covarde.
Juntemo-nos aos animais em suas aventuras, as situações com as quais eles vão
se confrontar e os conflitos que vão ter de resolver, vão fazer-nos
sentir tudo, menos indiferença. Pelo contrário, vão parecer-nos familiares.
Como diz o ditado africano: “E
assim, a nossa fábula se vai pelo mar adentro e aquele que sentir primeiro o
seu perfume, vai ascender aos céus.”
(http://www.dw.de/queres-que-te-conte-mais-f%C3%A1bulas-africanas-para-uma-cultura-de-paz/a-6117269)
Podemos
tirar uma boa lição desta fábula, recolhida da sabedoria africana. Que cada um
de nós, apliquemos o ensinamento a si próprio:
O
MACACO E O HIPOPÓTAMO
EM
uma época muito antiga, quando as bananeiras produziam poucas bananas, existiam
numerosos macacos. Havia um deles chamado Travesso, que morava nas margens do
rio. O macaco Travesso, possuía um grupo de bananeiras, que lhe proporcionavam
frutos suficientes para a sua alimentação, o que lhe trazia satisfação e
orgulho, porque os seus frutos eram os mais saborosos da região.
No rio, habitava o hipopótamo Ra-Ra, que
era o rei daquelas paragens. A corpulência desse animal era notável e tão
grande a sua boca, que podia tragar seis macacos de uma só vez.
Além disso, gostava imensamente de bananas e, especialmente
as da propriedade de Travesso.
Ra-Ra
resolveu roubar-lhe as bananas, apesar de não ser um ato muito bonito para um
rei. Ordenou então a todos os papagaios que as trouxessem para a sua
residência. Entretanto, o macaco não arredava pé do seu grupo de bananeiras, a
fim de impedir que desaparecessem, furtados, os seus preciosos frutos. Os
papagaios logo encontraram este obstáculo sério e recorreram à
astúcia para cumprir as ordens do rei.
Após uma conferência de várias horas
estudando diversas soluções para resolver eficientemente o problema do roubo,
concordaram em dizer ao macaco que seu irmão estava muito doente e desejava
vê-lo. Quando Travesso recebeu a notícia, bom irmão que era, foi depressa
procurar seu irmão doente. Verificou logo que aquilo não era verdade. Seu irmão
estava gozando de boa saúde e, suspeitando imediatamente do que se tratava,
voltou a toda pressa para perto de suas bananeiras. Uma surpresa dolorosa o
aguardava. Não ficara nem uma banana para semente. Enquanto lamentava sua perda,
aproximou–se um papagaio, dizendo-lhe:
— Oh!, irmão Travesso! Sabes que
Ra-Ra, o hipopótamo, nos obrigou a roubar-te as bananas e depois não nos quis
dar uma só!
— Ah! E’ assim? Então espera… Irei
à casa de Ra-Ra e tirar-lhe-ei as minhas bananas! — exclamou o macaco.
A serpente, que é um animal invejoso,
cheio de defeitos, dos quais o pior é o espírito de intriga, passou por ali por
acaso quando o macaco falava e, ato contínuo, foi contar tudo ao hipopótamo.
— Está bem! — disse Ra-Ra. — Em tal
caso, ordeno ao Travesso que compareça aqui o quanto antes.
A Serpente voltou ao lugar em que vivia
Travesso e lhe deu a ordem de Ra-Ra, de modo que o macaco se pôs a tremer,
pois, não era tão valente como as suas palavras pareciam revelar.
Era preciso obedecer e quando se dispunha a fazer a
desagradável visita ao hipopótamo, ocorreu-lhe uma idéia. Preparou com o maior
cuidado, uma boa quantidade de visgo, a cola que usava para caçar passarinhos,
e untou-se com ele muito bem. Feito isso, encaminhou-se para a casa de Ra-Ra, à
margem do rio.
— Disseram-me — disse-lhe o
hipopótamo, ao vê-lo — que ameaçaste de vir recobrar tuas bananas. É certo que
o disseste?
— De modo algum, senhor — respondeu
Travesso. — Tanto minhas frutas como eu mesmo, estamos à sua disposição.
O papagaio combinou com o macaco...
— Bem, fico muito satisfeito em ouvir
estas palavras. Sem dúvida, quiseram fazer intriga e contaram-me essa mentira.
Senta-te. Porém, procura fazê-lo de frente para mim e sem tocar em nenhuma das
bananas que estão atrás de ti.
Assim fez Travesso, apoiando com força nas
costas, inteiramente untadas, contra as bananas.
— Disseram-me que sabes muitas
histórias. Queres contar-me uma?
O macaco dispôs-se a satisfazer o desejo
de seu soberano e lhe contou uma história muito interessante.
Enquanto isso, não se esquecia de
esfregar o corpo contra as bananas, a fim de que aderisse às suas costas o
maior numero delas.
Terminado o conto, Ra-Ra disse-lhe:
— Obrigado. Podes sair, mas toma
cuidado para saíres de frente para mim. Assim se deve fazer diante de um rei.
Nada podia favorecer melhor o macaco,
que estava com as costas cheias das bananas que a elas se haviam colado.
O macaco viu o hipopótamo. Quando se viu
fora da casa do hipopótamo, pôs-se a correr, ocultando-se.
Os papagaios não tardaram a descobrir a
astúcia do macaco e foram correndo contar a Ra-Ra.
O hipopótamo, ao tomar conhecimento da
notícia, teve tão grande ataque de raiva que virou de barriga para o ar,
morrendo instantaneamente.
Então,
os animais reuniram-se e, diante da inteligência do macaco, resolveram
aclamá-lo soberano. Ficou muito conhecido por sua esperteza e deram-lhe , então, o nome de Sua Majestade
Travesso I, o Esperto. E o seu governo foi sábio e prudente, durante anos e
anos.
(Trad.
e Adapt. Leoncio de Sá Ferreira.)
(http://www.consciencia.org/o-macaco-e-o-hipopotamo-fabulas-infantis-modernas)
(http://www.consciencia.org/o-macaco-e-o-hipopotamo-fabulas-infantis-modernas)
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