PRODUÇÃO
TEXTUAL
Texto 1
O
ESCORPIÃO E O SAPO
Era uma vez um escorpião que estava na
beira de um rio, quando a vegetação da margem começou a queimar. Ele ficou
desesperado, pois, se pulasse na água, morreria afogado e, se permanecesse onde
estava, morreria queimado. Nisso, viu um sapo que estava preparando-se para
saltar no rio e, assim, livrar-se do fogo. Pediu-lhe, então, que o
transportasse nas costas para o outro lado. O sapo respondeu-lhe que não faria
de jeito nenhum o que ele estava solicitando, porque ele poderia dar-lhe uma
ferroada, levando-o à morte por envenenamento. O escorpião retrucou que o sapo
precisaria guiar-se pela lógica; ele não poderia dar-lhe uma ferroada, pois, se
o sapo morresse, ele também morreria, por que se afogaria. O sapo disse que o
escorpião estava certo e concordou em levá-lo até a outra margem. No meio do
rio, o escorpião pica o sapo. Este, sentindo a ação do veneno, vira-se para
aquele e diz que só gostaria de entender os motivos que o fizeram que ele o
picasse, já que o ato era prejudicial também ao escorpião. Este, então,
responde que simplesmente não podia negar a sua natureza.
(Lições de Texto: leitura e redação, Platão Et Fiorin, pg. 87)
(Lições de Texto: leitura e redação, Platão Et Fiorin, pg. 87)
Texto 2
O
MACACO E O HIPOPÓTAMO
Em uma época muito antiga, quando as
bananeiras produziam poucas bananas, existiam numerosos macacos. Havia um deles
chamado Travesso, que morava nas margens do rio. O macaco Travesso, possuía um
grupo de bananeiras, que lhe proporcionavam frutos suficientes para a sua
alimentação, o que lhe trazia satisfação e orgulho, porque os seus frutos eram
os mais saborosos da região.
No rio, habitava o
hipopótamo Ra-Ra, que era o rei daquelas paragens. A corpulência desse animal
era notável e tão grande a sua boca, que podia tragar seis macacos de uma só
vez.
Além disso, gostava imensamente de
bananas e, especialmente as da propriedade de Travesso.
Ra-Ra resolveu roubar-lhe as bananas,
apesar de não ser um ato muito bonito para um rei. Ordenou então a todos os
papagaios que as trouxessem para a sua residência. Entretanto, o macaco não
arredava pé do seu grupo de bananeiras, a fim de impedir que desaparecessem,
furtados, os seus preciosos frutos. Os papagaios logo encontraram este
obstáculo sério e recorreram à astúcia para cumprir as ordens do rei.
Após uma conferência de
várias horas estudando diversas soluções para resolver eficientemente o
problema do roubo, concordaram em dizer ao macaco que seu irmão estava muito
doente e desejava vê-lo. Quando Travesso recebeu a notícia, bom irmão que era,
foi depressa procurar seu irmão doente. Verificou logo que aquilo não era
verdade. Seu irmão estava gozando de boa saúde e, suspeitando imediatamente do
que se tratava, voltou a toda pressa para perto de suas bananeiras. Uma surpresa
dolorosa o aguardava. Não ficara nem uma banana para semente. Enquanto
lamentava sua perda, aproximou–se um papagaio, dizendo-lhe:
— Oh!, irmão
Travesso! Sabes que Ra-Ra, o hipopótamo, nos obrigou a roubar-te as bananas e
depois não nos quis dar uma só!
— Ah! E’ assim? Então
espera… Irei à casa de Ra-Ra e tirar-lhe-ei as minhas bananas! — exclamou o
macaco.
A serpente, que é um
animal invejoso, cheio de defeitos, dos quais o pior é o espírito de intriga,
passou por ali por acaso quando o macaco falava e, ato contínuo, foi contar
tudo ao hipopótamo.
— Está bem! — disse
Ra-Ra. — Em tal caso, ordeno ao Travesso que compareça aqui o quanto antes.
A Serpente voltou ao lugar
em que vivia Travesso e lhe deu a ordem de Ra-Ra, de modo que o macaco se pôs a
tremer, pois, não era tão valente como as suas palavras pareciam revelar.
Era preciso obedecer e quando se
dispunha a fazer a desagradável visita ao hipopótamo, ocorreu-lhe uma idéia.
Preparou com o maior cuidado, uma boa quantidade de visgo, a cola que usava
para caçar passarinhos, e untou-se com ele muito bem. Feito isso, encaminhou-se
para a casa de Ra-Ra, à margem do rio.
— Disseram-me —
disse-lhe o hipopótamo, ao vê-lo — que ameaçaste de vir recobrar tuas bananas.
É certo que o disseste?
— De modo algum, senhor —
respondeu Travesso. — Tanto minhas frutas como eu mesmo, estamos à sua
disposição.
O papagaio combinou com o
macaco...
— Bem, fico muito
satisfeito em ouvir estas palavras. Sem dúvida, quiseram fazer intriga e
contaram-me essa mentira. Senta-te. Porém, procura fazê-lo de frente para mim e
sem tocar em nenhuma das bananas que estão atrás de ti.
Assim fez Travesso,
apoiando com força nas costas, inteiramente untadas, contra as bananas.
— Disseram-me que
sabes muitas histórias. Queres contar-me uma?
O macaco dispôs-se a
satisfazer o desejo de seu soberano e lhe contou uma história muito
interessante.
Enquanto isso, não se
esquecia de esfregar o corpo contra as bananas, a fim de que aderisse às suas
costas o maior numero delas.
Terminado o conto, Ra-Ra
disse-lhe:
— Obrigado. Podes
sair, mas toma cuidado para saíres de frente para mim. Assim se deve fazer
diante de um rei.
Nada podia favorecer
melhor o macaco, que estava com as costas cheias das bananas que a elas se
haviam colado.
O macaco viu o hipopótamo.
Quando se viu fora da casa do hipopótamo, pôs-se a correr, ocultando-se.
Os papagaios não tardaram
a descobrir a astúcia do macaco e foram correndo contar a Ra-Ra.
O hipopótamo, ao tomar
conhecimento da notícia, teve tão grande ataque de raiva que virou de barriga
para o ar, morrendo instantaneamente.
Então, os animais
reuniram-se e, diante da inteligência do macaco, resolveram aclamá-lo soberano.
Ficou muito conhecido por sua esperteza e deram-lhe, então, o nome de Sua
Majestade Travesso I, o Esperto. E o seu governo foi sábio e prudente, durante
anos e anos.
NOTA
Os textos figurativos
produzem um efeito de realidade e, por isso, representam o mundo, criam uma
imagem do mundo, com seus seres, seus acontecimentos, etc. Os temáticos, explicam
as coisas do mundo, ordenam-nas, classificam-nas, interpretam-nas, estabelecem
relações e dependências entre elas, fazem comentários sobre suas propriedades.
Os primeiros criam um efeito de realidade, porque trabalham com o concreto. Os
segundos explicam, porque operam com aquilo que é apenas conceito. Os primeiros
têm uma função representativa; os segundos, uma função interpretativa.
Enquanto, no primeiro, a
imutabilidade da índole do ser humano é representada por um escorpião que
ferroa um sapo que o salvava da morte, no segundo, temos a explicação de que
cada ser humano tem uma índole e de que ela sempre procederá, independentemente
das circunstâncias, de acordo com ela, mas não se mostra como concretamente
isso ocorre.
O texto temático (ou
dissertativo) é muito usado para fazer comentários sobre dados da realidade,
manifestar e defender determinados pontos de vista a respeito de acontecimentos
variados. O texto figurativo por seu lado é muito usado para criar uma
representação da realidade.
(Lições de Texto: leitura e redação, Platão Et Fiorin, pg. 89)
(Lições de Texto: leitura e redação, Platão Et Fiorin, pg. 89)
PROPOSTA DE PRODUÇÃO TEXTUAL
A partir dos textos, texto
1, “O ESCORPIÃO E O SAPO”, que discute ética, sobrevivência, causa e consequência,
e o texto 2, “O MACACO E O HIPOPÓTAMO”, que fala sobre oportunismo, elabore um
texto dissertativo, atribuindo os mesmos valores e características à seres
humanos.
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